sábado, 21 de abril de 2012

Mercadão vietnamita (asiático, na real)


Fazia um tempão que eu queria conhecer o tal mercado "vietnamita" de Berlim, o Dong Xuan Center (juro que sempre que leio esse nome penso em alguém dizendo "don juan" só que com sotaque oriental. Me perdoem pela piada infame, mas precisava dividir com alguém heheh). Depois de algo como 50 minutos contando a viagem de metrô e tram até o lugar, cheguei em Lichtenberg, bairro onde fica a coisa toda. O negócio é basicamente a 25 de março de São Paulo só que dividida em oito enormes galpões. E não é só vietnamita, é mais um mercado asiático mesmo...




Lá você encontra absolutamente de tudo: perucas, bolsas, sapatos, cachecóis, comida e qualquer ingrediente da cozinha oriental, ferramentas, malas, toalhas.... todo o tipo de tralha que existe no mundo, tem pra vender lá e muito mais barato que em qualquer outro lugar na cidade. Achei engraçado que até uma loja "hippie" tinha lá. Ou seja, os hippies de hoje em dia não são mais os mesmos, afinal, dá pra comprar todas as pulseirinhas e colarzinhos de sementes e miçangas exóticas já prontos e de balaio num atacado tsc, tsc, tsc. Ah, e muitas das coisas que vedem nos mercados de pulgas como "vintage", como aquelas correntes lindinhas com relógios,  dá pra comprar por três vezes menos nesse mercadão também.

Obviamente, quase nada tem preço e, na maioria das lojas, os vendedores nem olham pra tua cara. Você com sua cara de óbvia de turista não está a fim de comprar 25 cachecóis duma vez e por isso eles não tão muito interessados em você não. A não ser pelo fato de que eles podem dizer o preço que bem entenderem e ainda assim você vai achar barato. De qualquer jeito, se algo parecer meio absurdo, olhe na banquinha do lado e dê uma choradinha. A tentiada é livre, como sempre.

O mercado fica numa vizinhança com uns prédios de indústria abandonado. Visual bacaninha :D
Pra ter uma noção, saí de lá com um colar, uma bolsa e um cachecol por 11 euros. Bem baratinho. Quem comprar demais nas férias e precisar duma mala nova pra voltar pra casa, aproveite o passeio pra levar aqui. É bem mais barato que em qualquer outro lugar (a não ser que seja época das grandes liquidações nas lojas grandes). Ah, e tem que ir quando tiver no clima de fazer compras meeeesmo. Leva manhã ou uma tarde inteira a função. Só chegar até lá já leva um bom tempo, o negócio é grande e eles não aceitam trocas. Sendo assim, é bom prestar bastante atenção no que você está comprando, porque não tem volta. Outro detalhe é: não rola comprar com cartão de crédito, mas no galpão 3 tem um caixa eletrônico.



Delicinha vietnamita pro almoço
Se entre uma comprinha e outra bater a fome, além dos vários supermercados com especialidades asiáticas de todos os tipos, o Dong Xuan tem restaurantes vietnamitas e chineses onde dá pra comer bem e barato. Essa sopa da foto poderia ter alimentado meia Ásia e as porções de arroz frito são pra tirar a barriga da miséria de vez. Ah, importante, não importa o que você peça, vale acrescentar uma porção dos bolinhos fritos de arroz deles. Eu não entendo patavinas de comida oriental e não achei nem um grão de arroz no bolinho (à esquerda na foto), mas comi faceira. Outro detalhe bom de lembrar, se você não é acostumado a comer pimenta, vá com calma na hora de colocar molho na comida ou não vai ser divertido.  #ficadica.



Como chegar:

Dong Xuan Center
Herzbergstraße 128-139
M8 até Herzbergstr./Industriegebiet


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quinta-feira, 19 de abril de 2012

O dia em que eu virei "estrela" da música eletrônica (AHAM)

Berlim, terra de música eletrônica, o que não é lá muito a minha praia, mas é difícil se manter longe da "cena". Tanto que até eu entrei nessa brincadeira, de um jeito meio torto, claro. Num fim de tarde ocioso, um dos meninos que mora comigo (o prisioneiro da foto ali embaixo) me pediu pra falar umas bobagens em português que ele ia gravar. O guri mixou alguns trechos com uma faixa que ele fez no computador e deu nisso.

A parte "humana" (leia-se as risadas e as bobagens em português e em alemão) no final e no começo da música são "obra" desse ser aqui. O resto é tudo culpa do Felix mesmo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Literalmente: um bar. Só que ao contrário

Madame Claude, o bar só que ao contrário. Literalmente
Não, não é que Berlim seja uma cidade tão doida que desafia até as leis da gravidade, Mas sabe aquela piadinha infame do "só que ao contrário"? No Madame Claude, ela é real. É só olhar pro teto e ver que toda a decoração está ali e te dá a impressão de que você está de cabeça pra baixo. Bem bacaninha, não? Na primeira vez que eu fui, fiquei hooooooras só olhando os detalhes no teto. É tudo muito bem feito, vale a observação.


O bar é um típico exemplo de como são a maioria dos bares aqui em Berlim e especialmente em Kreuzberg: pequenos, super bonitinhos, com uma pequena pista dança/sala de apresentações. No Madame Claude, a coisa geralmente funciona assim: sexta e sábado tem sempre algum show e depois um dj e no domingo é dia de "microfone aberto". O legal é que por ser bem pequeno os shows ficam super como se fosse na sala da sua casa e geralmente as bandas que tocam lá têm uma vibe mais calminha assim.


Depois que termina o show, o DJ começa a tocar e aí fica difícil pra achar um lugar pra sentar. Então, o melhor é seguir de pé e dar uma dançadinha mesmo.


Dá uma olhada no que tocou lá no dia 2 de março por exemplo:



Como chegar:
Madame Claude
Lübbener Straße 19
U1 Schlesischestor


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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Comida típica pra quem tem medo de chucrute

Käsespätzle, delicinha de inverno alemão

Dizem por aí que a comida típica alemã, em comparação com o resto da Europa, é nada sofisticada. A real é que alemão adora batata, cebola, as benditas salsichas, pepino e repolho. Sim, isso é bem verdade. Comida típica tende a ser sempre meio pesada, apesar de em casa a galera aqui consumir salada como loucos. Sendo assim, pros mais chatos, provar comida típica alemã que não seja salsichas tipo Bratwurst, Currywirst e seus derivados, é uma tarefa que pode dar medo.


Spätlze Express, o cara do caixa daqui a pouco vai me chamar pelo nome :P

Pensando nos paladares menos aventureiros, divido com vocês o maior e melhor achado da minha temporada no sul da Alemanha em 2009, o Spätzle (se pronuncia sh-PÉ-tsl(e). É uma massa caseira que é feita introduzindo pedaços de massa em água fervente e tirando continuamente os pedaços que ficam cozidos. Aí existem vários tipos de Spätzle: com molho, com carne, com queijo, com salsicha, com lentilha, com repolho. Mas o meu preferido e, na real o mais famoso, é o Käsespätzle. Simplesmente, pegam essa massa caseira e misturam com muita cebola frita e queijo e colocam tudo no forno. Não tem como ficar ruim.

pratinho de Schumpfnudeln, massa mais gordinha que eles depois dão uma fritadinha antes de servir

Em Berlim, para comer Spätzle ou outras coisas típicas do sul da Alemanha como Knödel, Leberwust, Maultaschen ou Schumpfnudeln, o restaurante Spätzle Express é a dica. É um lugar honesto para começar a incursão na gastronomia alemã: barato, serve super rápido e é bem gostoso e tem várias opções pra quem não come de tudo. Os pratos têm tamanhos pequeno, médio e grande. O pequeno é uma porção bem boa. O médio dá pra duas meninas dividirem tranquilamente e o grande é, como diz o nome, grandão mesmo.

O melhor é que, além das opções básicas (com acompanhamentos mais comuns tipo queijo e cebola), eles têm as versões de quase todos os pratos com ingredientes mais hardcore, digamos assim, como bendito chucrute, bacon, batatas, salsichas ou lentilha. Tudo vai depender do seu paladar.

Me deu fome já....


Como chegar:
Spätzle Express

Wiener Straße 11
U1 Görlitzerbahnhof




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domingo, 15 de abril de 2012

Para sair baratinho


A estação de metrô de Kottbussertor é uma junção de gente de tudo que tipo. Na região central de Kreuzberg tem uma dezena de boates e bares para todos os gostos. Ela fica no cruzamento das linhas 1 e 8 e da plataforma do U1 à noite você sempre vai ver as janelas de um clube lotado. É o Monarch.

A entrada parece meio estranha: é uma portinha na frente duma lanchonete turca que tem uma placa toda em turco em cima. Não tenha medo, suba as escadas porque de terça a domingo a partir das 20h dá para ir lá assistir um show, beber uma cerveja ou só sair fedendo a cigarro. O Monarch é um dos poucos clubes que ainda deixa fumar dentro. Então, prepare-se para sair com perfume Gauloises.

Vista de dentro do Monarch pra estação de Kottbussertor
Por a entrada custar só um eurinho, o Monarch é o tipo de lugar bem legal de ir quando você não tem muita certeza se quer sair mesmo, porque as outras festas não estão parecendo lá muito interessantes ou quando tá com pouca grana mesmo. A música geralmente varia do eletro ao indie com alguns passeios pelo rock. O básico é eletro mesmo. Em alguns dias a programação é específica, mas aí é só dar uma olhadinha no site deles pra saber. As bebidas são baratinhas em comparação com o resto das boates, um gin tônica sai por 4 euros, por exemplo, e tem shots por dois. Ou seja, normalmente quem vai lá acaba se animando e ficando a noite inteira.

Outro detalhe legal: se a festa tiver chata dá pra ficar jogando pinball do Star Trek ou futebol de mesa nos pebolim aqueles. No fim das contas, de um jeito ou de outro é diversão garantida.

Como chegar:
Monarch
Skalitzer Straße 134
U1 ou U8 Kottbussertor



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domingo, 1 de abril de 2012

Germânia facts ou as mentiras que os alemães contam

Certas coisas a gente demora para se dar conta. Essa é a terceira vez que estou na Alemanha para ficar um tempinho e digamos que precisei dessa semana intensa de viagem com o grupo do IJP por Leipzig, Weimar e Hamburgo elencar na minha cabeça uns aspectos peculiares dos queridos germânicos, assim, de uma forma mais... profunda. 

Na los, o primeiro Alemanha facts ou as mentiras que os alemães contam:


Da esqu. pra dir. Ramon, Nina e Heiko em Hamburgo


"É perto, leva uns cinco minutos caminhando"

Jamais na sua vida, acredite em um alemão quando ele disser essa frase e suas variantes. Assim como eles acham que os latinos vivem em "outro tempo" (afinal temos a linda fama de chegar sempre atrasados) eu digo aqui: a alemoada tem uma noção de tempo e distância absurdamente diferente realidade. Já tinha percebido mas demorei uma eternidade pra me dar conta. Sempre achei que fosse coisa da minha cabeça somada a minha tendência ao exagero. Acabei constatando que não.

Então sempre que alguém disser: leva quinze minutos a pé, pode apostar e preparar seu corpinho pra pelo menos meia hora de caminhada. O mais engraçado é que não importa qual a condição climática, eles curtem caminhar no vento, no frio, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé. E mesmo que eles tenham um ticket de metrô já pago e válido... eles preferem caminhar.

Não posto isso aqui como uma reclamação. Acho bem mais interessante fazer passeios com as pernas e olhando a cidade do que feito toupeira embaixo da terra no metrô, mas não sei se é porque eles curtem tanto dar uma voltinha ou se a noção de tempo deles é outra. Não é por mal, mas eles nunca falam a verdade em relação a quanto tempo se leva até um certo lugar caminhando. E quando parei para pensar me dei conta que isso acontece sempre e não importa a idade deles.

A mesma teoria vale para quando eles dizem "vamos dar uma voltinha". "Voltinha" pra eles deve significar algo como uma meia maratona, pode ter certeza. Lembro quando eu saía de casa em Düsseldorf com a minha "irmã" para dar uma "voltinha". Eu voltava destruída e pronta para desmaiar na cama. Ah, até porque né, eles adoram se meter em mato.

Voltando ao presente, durante a viagem fizemos um experimento, toda vez que o Heiko (simpático e paciente alemão que nos acompanhou em toda esta jornada que terminou hoje) dizia "vamos caminhando, é pertinho, leva cinco minutos" a gente cronometrava. Levava, no mínimo, o dobro do tempo. Um pouco extremo, óbvio, mas provamos nosso ponto.

Outro bom exemplo foi quando numa quarta-feira fria aceitei sair com meus companheiros de apê porque o lugar era "perto, só quinze minutos a pé". Quinze minutos levamos naquele passo "tirar o pai da forca", afinal, até o meio do caminho. Mas como nem tudo na vida é só tristeza, a noite acabou sendo uma das mais incríveis que eu tive aqui. Fomos num bar completamente escondido em um lugar que, na verdade, tem corrida de kart. Teoricamente, pra entrar tem que ser sócio, mas o pessoal deu um jeito. Resumo da história, era um galpão enorme com sofás espalhados por todos os cantos e uma decoração de casa de vó cheia de fotos e quadros com molduras antigas e no palco tinha um trio com tuba, piano e saxofone.

Resultado, peguei um ônibus de volta pra casa ultra tarde e sono no trabalho no dia seguinte foi dureza. Se um alemão te convidar pra dar um "voltinha", prepare-se pra uma boa caminhada, mas digo pra vocês que geralmente vale o "esforço" ;)

ps: esse texto foi escrito depois de sete dias de correria intensa e pouquíssimas horas de sono, perdoem qualquer lapso :)